Modificando Pensamentos Automáticos: Parte 1
- Gisele Ceciliano
- 14 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
O grande desafio de mudar o padrão de resposta diante de um perigo imaginário está em ajustar o nosso julgamento sobre as situações e nossa capacidade de enfrentá-las. Essa que, em teoria, é uma tarefa simples, torna-se desafiadora devido ao fato de não estarmos plenamente conscientes de todos os nossos pensamentos. Na medida em que criamos uma maneira padrão de pensar, fazemos análises de maneira automática, sem nos darmos conta do que se passa em nossa cabeça momentos antes de nos sentimos inseguros, amedrontados e ansiosos diante de uma circunstância. Sendo assim, para conseguirmos uma mudança em nossa maneira de perceber precisamos em primeiro lugar resgatar a consciência sobre nossos Pensamentos Automáticos. Somente depois disso é possível alterar o modo como percebemos a realidade.
Por se tratar de uma tarefa bastante desafiadora, a técnica utilizada para modificar os pensamentos automáticos será apresentada em duas etapas. Nessa primeira parte estaremos focados em falar sobre o processo de tomada de consciência. Já, na parte 2, tema de nossa próxima postagem, discutiremos, de modo mais específico, as estratégias de mudança do pensamento.
Precisamos compreender, antes de tudo, que a tomada de consciência requer um treino diário que exige da pessoa o resgate da conexão consigo mesma. Quero dizer com isso que, com um tempo, as pessoas tendem a entrar em um processo tão intenso de automatização que perdem a noção dos motivos de estarem emocionalmente instáveis. Isso traz, em alguns casos, uma sensação parecida com um efeito anestésico, em que a pessoa não consegue identificar com clareza como se sente e, em outros, produz uma absoluta reação de descontrole, de modo que a emoção assume totalmente as rédias da situação. Seja de uma forma ou de outra, o que prevalece é o fato de a pessoa não conseguir entrar em contato com aquilo que está representando uma ameaça para ela.
Uma maneira de resgatar o autoconhecimento é realizar atividades habituais como escovar os dentes, tomar banho, comer, entre outras similares a essas, prestando a atenção nas etapas necessárias para executá-las. O princípio dessa estratégia é vivenciar o aqui-agora. Significa focar no presente e buscar perceber as sensações experimentadas naquele momento, como a agradável sensação de um banho relaxante, o sabor e a temperatura dos alimentos e, até mesmo, tipo de desconforto como fome, frio ou medo. Afinal, os sentimentos desagradáveis também possuem o seu grau de importância. São eles que nos impulsionam para a mudança. Servem de baliza para identificarmos quando ultrapassamos nossos limites ou quando estamos sendo desrespeitados por nós mesmos ou pelos outros, em qualquer área de nossas vidas.
Esse tipo de treinamento, baseado no aqui-agora, faz-se necessário porque as pessoas ansiosas tendem a concentrar o foco e a atenção sobre o futuro, deixando de perceber como se sentem ou que pensam sobre o momento presente. De um modo geral, costumam fazer uma atividade pensando em outra(s). A proposta é que realizando tarefas triviais com consciência, tal conduta possa ser, gradativamente, aplicada a outros contextos mais complexos, como os Pensamentos Automáticos.
Para facilitar o processo de consciência, uma dica importante de que tivemos um pensamento automático é a constatação de que mudamos de humor ou experimentamos uma emoção intensa. Nesse momento cabe uma importante análise: O que passou pela minha cabeça minutos antes de eu me sentir assim? O que eu estava pensando sobre mim mesmo, sobre a situação ou sobre o outro?
Cabe ressaltar, que outro desafio dessa técnica é a própria distinção entre pensamento e sentimento. Por mais que pareça óbvio, é muito comum as pessoas confundirem-se a respeito desse quesito. Ao serem questionadas sobre o que sentiram em determinada situação respondem, por exemplo: "- Senti que eu não sou capaz." Observe que essa afirmativa refere-se a um pensamento e não a uma emoção. Por outro lado, quando são solicitadas a falar sobre o que pensaram dizem algo como: "- Pensei que estava como medo.", trazendo no conteúdo de sua fala uma emoção e não um pensamento.
Se você quer modificar os pensamentos automáticos que te paralisam diante de ameaças imaginárias, treine, ao longo dessa semana, identificar sua forma de avaliar a realidade. Anotar o que descobriu, pode auxiliar nesse processo de tomada de consciência e facilitar na distinção entre pensamento e sentimento. Como no caso da respiração, trata-se de uma ferramenta simples, mas que exige disciplina. E, quando aplicada de maneira sistemática, produz significativos resultados em direção ao controle dos sintomas da ansiedade.
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