O primeiro passo em direção à solução do Transtorno de Ansiedade
- Gisele Ceciliano
- 6 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
As pessoas sentem-se ansiosas sempre que detectam uma ameaça. No caso da ansiedade patológica, entretanto, o perigo não está relacionado a um risco real. Ele é fruto do pensamento e se baseia em crenças desenvolvidas, desde a infância, por meio de aprendizado e experiência prévia. Isso significa que, se uma pessoa alterar o modo de perceber a situação e ajustar o julgamento sobre a própria capacidade de enfrentamento, ela deixa de se sentir ansiosa diante um perigo imaginário. Estamos diante da solução para o problema das pessoas que sofrem de Transtorno de Ansiedade. Simples assim? Em teoria, sim. Então, por que na prática esse processo é tão difícil? Por que as pessoas, simplesmente, não mudam a forma de pensar e se tornam mais seguras e eficientes?
Para obter a resposta para essa pergunta precisamos entender uma questão importante sobre o nosso funcionamento. O ser humano tem a tendência de buscar uma economia de energia em suas ações. Por esse motivo, é natural automatizarmos aqueles comportamentos que realizamos rotineiramente. Automatizar, nesse contexto, significa executar uma atividade sem a necessidade de estar plenamente consciente ou atento a suas etapas, uma vez que definimos uma maneira padrão e a repetimos sempre do mesmo jeito.
Essa tendência à economia de energia, realizada por meio da automatização, é um comportamento adaptativo, que nos proporciona agilidade, eficiência e praticidade. Tomemos, por exemplo, o ato de dirigir. Assim que aprendemos a dirigir temos que pensar em cada etapa do processo: retrovisores, marchas, pedais de freio, embreagem e acelerador, setas, carros de traz e da frente, posição das mãos no volante, entre outras. Alguns motoristas inexperientes não conseguem nem ligar o som do carro enquanto dirigem, porque a música desconcentra e lhes dificulta prestar a atenção nas atividades que precisam realizar. Com o tempo, na medida em que adquirem prática, passam a dirigir sem a necessidade de pensar em cada ação que envolve essa atividade. Ou seja, o fazem de forma automática. Desse modo, conseguem dirigir ao mesmo tempo em que ouvem música, conversam com o amigo ao lado, pensam na lista de compras ou nos afazeres do trabalho e, por vezes, até se arriscam falando ao celular e enviando mensagem nas redes sociais.
Economizar energia é tão significativo para nossa espécie que automatizamos até o modo como percebemos e analisamos a realidade. Quer dizer que, somos capazes de pensar sem estarmos plenamente conscientes do nosso pensamento? A resposta é: sim. Alguns pensamentos nos são tão familiares, que não nos damos conta deles. Pensamos sem perceber. É, por isso, que eles são chamados de Pensamentos Automáticos.
Nada disso seria problema se automatizássemos somente comportamentos e pensamentos adequados. Mas, não é bem assim que acontece. O que define a criação de um padrão de funcionamento não é a sua eficiência e sim a quantidade de vezes que repetimos uma ação ou o grau de importância que a pessoa atribui à experiência que originou aquela ação. Calma que já explico melhor. Se uma pessoa faz algo da mesma maneira repetidamente, esse comportamento torna-se automático. De forma similar, se uma pessoa ouve uma frase com juízo de valor repedidas vezes, esse modo de pensar vai passar a compor o seu modo de julgar a realidade. Por exemplo, uma criança que durante toda a infância ouve os pais dizerem: "- Pare de chorar. Que feio! Olha, as pessoas estão olhando para você!", tenderá a pensar algo parecido com isso sempre que estiver sendo olhada pelos outros ("As pessoas estão me olhando. Devo estar fazendo algo feio"). Após um tempo, essa forma de pensar torna-se um padrão e se constitui um pensamento automático, que se mantém até mesmo na vida adulta. Então, quando a pessoa entra na faculdade e tem que fazer uma pergunta ou uma apresentação de trabalho, sente-se constrangida pelo fato de os outros alunos estarem olhando para ela. Se nesse momento, alguém perguntar o que ela pensou para se sentir constrangida, provavelmente não saberá responder. Outra possibilidade é que a pessoa automatize uma crença que esteja baseada em uma experiência muito significativa, como acreditar que as pessoas não são confiáveis porque foi traído(a) pelo(a) melhor amigo(a).
Agora que você entendeu esse mecanismo e descobriu que os pensamentos também podem tornar-se automáticos, consegue compreender porque mudar o pensamento não é uma tarefa simples. Quero ressaltar, entretanto, que também não se trata de uma tarefa impossível. Continue acompanhando nossa página e aprenda estratégias simples e eficientes para modificar pensamento e comportamentos que lhe geram ansiedade.
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