A postura corporal da pessoa ansiosa: o corpo fala
- Gisele Ceciliano
- 24 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
O Transtorno de Ansiedade possui um conjunto de sintomas tão característico que nos permite traçar o perfil das pessoas que sofrem com ansiedade. Como descrito nos posts anteriores, a ansiedade resulta de uma resposta defensiva, que produz reações físicas relacionadas a alterações nos batimentos cardíacos e na frequência respiratória. Estar em uma posição típica de defesa nos contextos em que a integridade física, mental e/ou emocional está em risco é uma mecanismo de resposta sadio e necessário para a nossa sobrevivência. O problema é quando esta postura passa a ser adotada de maneira recorrente e constante, na medida em que a pessoa entende que está a todo tempo sob ameaça. Isso é muito comum em indivíduos acometidos por uma ansiedade patológica, os quais, devido a pensamentos e crenças disfuncionais, frequentemente, agregam às suas experiências um perigo imaginário.
Para entendermos que tipo de postura é essa, tomemos, por exemplo, a expressão corporal de um lutador de boxe: corpo contraído, punhos fechados, ombros erguidos, ligeiramente voltados para frente, dentes cerrados. Essa postura confere sustentação ao lutador e permite que ele concentre sua força de maneira adequada, a fim de aplicar golpes eficientes durante a luta. Do mesmo modo, diante de situações ameaçadoras nosso corpo comunica a necessidade de autodefesa por meio de uma série de contrações musculares.
Essa linguagem corporal que utilizamos para nos defender proporciona uma tensão no músculo que, se mantida por tempo prolongado, acaba cristalizando o corpo em uma posição contraída. Gradativamente, esse encurtamento muscular reduz o fluxo de sangue e oxigênio, tornando a região tensionada sensível e dolorida. Uma vez que nosso corpo é formado por um sistema de articulações, quando o estado de tensão persiste, a dor tende a se irradiar para outras regiões.
Para compreender melhor esse processo de irradiação, experimente cerrar os dentes o máximo que você puder. Ao mesmo tempo em que faz isso, coloque os dedos indicadores sobre a região das têmporas (aquela que costuma latejar quando sentimos dor de cabeça). Poderá perceber, dessa maneira, que ao tensionar a mandíbula também produzimos uma tensão nessa articulação da cabeça. O mesmo acontece com as demais regiões do corpo. Por esta razão, é comum as pessoas ansiosas, queixarem-se de dores nos ombros, no maxilar, no pescoço, na nuca, na região da face, na cabeça, na coluna, entre outras.
É importante ressaltar que o estado de contração, além de produzir uma fadiga nos músculos, exige um intenso consumo de energia, de modo geral. Imagine o esforço necessário para manter várias partes do corpo tensionadas simultaneamente, como ocorre na posição de defesa. Esse não é o único motivo (falaremos sobre a influência da qualidade do sono em outro momento), mas nos ajuda a entender porque o indivíduo ansioso sente-se, constantemente, cansado.
Como a postura defensiva em pessoas ansiosas ocorre de maneira não consciente com bastante frequência, elas tendem a perder o controle sobre a quantidade de tempo em que permanecem com o corpo contraído. Portanto, a estratégia recomendada para lidar com este mecanismo de defesa desajustado é desenvolvermos uma consciência corporal. Isso significa dizer que precisamos estar atentos ao momento em que contraímos nossos ombros, mantemos os punhos cerrados e trancamos os dentes para que possamos tomar a decisão de relaxar e, desse modo, interromper a tensão muscular.
Trata-se de uma estratégia simples, mas que requer treino e persistência para obtermos resultado. Topa treinar?
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