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Ansiedade Normal x Ansiedade Patológica

  • Foto do escritor: Gisele Ceciliano
    Gisele Ceciliano
  • 9 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

Antes de diferenciar ansiedade normal e patológica convém explicar o que é ansiedade. A ansiedade é um mecanismo de defesa acionado sempre que nos deparamos com uma situação considerada perigosa. Os animais também sentem-se ansiosos. A zebra, por exemplo, quando se depara com o leão tem seu mecanismo de ansiedade acionado. Isso acontece para que ela consiga decidir se a melhor opção para garantir sua sobrevivência, naquele momento, é lutar com o leão ou fugir dele. Seja para “lutar”ou para “fugir” o corpo precisa estar no estado de ansiedade para agir. Para entendemos melhor esse processo podemos compará-lo com um estado oposto, o estado de repouso. Imaginemos o que aconteceria se a zebra estivesse dormindo enquanto o leão se aproximasse. O fato de estar em um estado absoluto de repouso retardaria a sua compreensão sobre a situação e, consequentemente, aumentaria o tempo de resposta para agir em defesa de sua própria vida. Isso significa que o estado de alerta e os sintomas de ansiedade preparam o corpo para realizar a atividade necessária para nos defendermos do perigo.


As pessoas sentem-se ansiosas em situações de perigo real, como um incêndio, um assalto, em que há um risco iminente de morte. Entretanto, diferente dos animais, também apresentamos os sintomas de ansiedade em situações que envolvem perigos imaginários. Esse perigo imaginário, embora represente uma ameaçada para a pessoa, não está relacionado a um perigo de morte. Trata-se de um perigo do ponto de vista emocional. Representa uma ameaça aos anseios do indivíduo ou compromete a segurança da imagem que ele quer refletir diante de outras pessoas. Por exemplo, é muito comum as pessoas sentirem-se ansiosas ao falar em público. Do ponto de vista da sobrevivência do indivíduo essa situação não representa qualquer tipo de risco. Porém, do ponto de vista social representa uma ameaça atribuída a avaliação que os outros terão com relação ao desempenho dele. Pode significar ser aceito ou não em um grupo. Ou ainda, servir como medida para aferir inteligência, capacidade ou competência de quem está sendo exposto, o que pode ser compreendido por essa pessoa como sendo uma situação bastante arriscada.


O perigo imaginário relaciona-se com o significado que o indivíduo atribui ao contexto. Depende da percepção dele sobre três fatores: o nível de dificuldade da situação; sua capacidade de agir e a expectativa sobre como as pessoas avaliarão a sua ação. Ou seja, depende da percepção dele sobre a situação, sobre si mesmo e sobre o outro. Isso significa dizer que a ameaça é fruto de um pensamento. Baseia-se nas crenças que o indivíduo desenvolveu a partir de experiências anteriores.


O modo como reagimos a um perigo real difere do modo como reagimos a uma situação de perigo imaginário. Diante de um perigo real os sintomas de ansiedade iniciam e aumentam, gradativamente, de maneira proporcional à gravidade da situação. O estágio de pico de ansiedade corresponde ao auge do problema, o que equivale ao momento em que o risco de morte é mais evidente. No momento em que a pessoa consegue livrar-se da situação perigosa com vida e percebe que não há mais indícios de ameaça, os sintomas diminuem e tendem a cessar por completo. Essa reação de ansiedade é considerada normal e faz parte do processo de adaptação e sobrevivência das espécies.


Diferentemente, na situação de perigo imaginário o indivíduo experimenta a ansiedade e, na maioria das vezes, não tem consciência do pensamento que gerou a sensação de ameaça. Não há clara percepção de que os sintomas apresentados relacionam-se a um evento ameaçador, fruto de um pensamento. Dessa forma, a pessoa começa a acreditar que está passando mal, tendo um infarto ou um problema de coração de qualquer outra natureza. Isso acontece porque os sintomas físicos da ansiedade, tais como aceleração dos batimentos cardíacos, respiração ofegante, tontura, náuseas, sensação de desmaio, formigamento, entre outros, são similares a um ataque cardíaco.


Uma vez que a possibilidade de estar sofrendo um mal súbito representa um risco de morte, tem-se a percepção de uma segunda situação de perigo. Com isso, os sintomas de ansiedade aumentam. Com muita frequência, a pessoa procura um atendimento médico durante esses episódios e os sintomas cessam somente após administração de um medicamento. Dito de outra forma, em se tratando da ameaça de caráter imaginário, o pico de ansiedade gera ainda mais ansiedade, sendo, por isso, considerada patológica.



 
 
 

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